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Tem uma frase famosa da Virgínia Woolf que diz que, durante a maior parte da história, quando um texto é assinado como “Anônimo”, esse autor era uma mulher. Ainda bem já passamos da época em que esse tipo de coisa era necessário, apesar de o mundo editorial e literário ainda ser quase que completamente dominado por homens, grandes autoras nos presentearam com obras dignas de admiração não só por sua qualidade, mas pela conquista de espaço e representação feminina.

Oito de março não é um dia para receber flores ou ler piadinhas e propagandas machistas, é um dia para honrar toda a luta por igualdade de gênero e lembrar que ela ainda não acabou.

Aproveitamos a data para comentar sobre mulheres admiráveis: algumas de nossas escritoras favoritas.

Juliana

Marion Zimmer Bradley – Fui pensando em todos os meus livros preferidos pra escrever esse post e os autores eram todos homens. Apesar de não ter ficado surpresa com isso, dadas as circunstâncias, não deixei de ficar meio triste…Será que eu estou neglicenciando as escritoras desse mundo literário? Como feminista assumida, coloquei como meta pessoal ler, em 2013, o maior número possível de livros escritos por mulheres. Mas antes que eu fuja do assunto…Cavucando a memória, me deparei com uma autora do meu Top Top que merecia muito estar nessa lista: Marion Zimmer Bradley, muito famosa por seus livros de ficção científica e fantasia. Gosto dela pelo foco em personagens femininas, sempre fortes, complexas, com histórias bem construídas. Há constantes referências à natureza, à feminilidade, à fertilidade…Uma escritora que precisa estar na estante de toda feminista que curte uma boa fantasia. Seu livro mais famoso por aqui é As Brumas de Avalon.

Gabriela

Alice Munro – Minha escritora favorita é, na verdade, a Clarice Lispector. Mas eu acho que todo mundo a conhece (apesar de acreditar que somente uma pequena parte das pessoas que colocam frases  – que muitas vezes não são dela nas redes sociais – já leram sua obra), então decidi falar de uma autora que deveria ser mais conhecia e lida por aqui. Alice Munro é uma escritora de contos canadense bastante premiada e elogiada, especialmente por outros escritores, que basicamente escreve sobre a condição feminina. Um tema comum de sua obra é a transição da juventude para a idade adulta, assim como a mudança de uma pequena área rural para a cidade grande. Suas protagonistas são, 99% das vezes, mulheres e ela mesma fala que isso é natural porque ela é uma mulher (além de já ter dado alfinetadas dizendo que ninguém acha nada de estranho num homem escrever sobre homens). Nos contos de Alice Munro, as mulheres enfrentam problemas diários e lutam contra as regras e os padrões impostos pela sociedade. No geral, são poucos os conflitos externos e algumas pessoas poderiam até dizer que são poucas as coisas que “acontecem” de fato, o clímax da história é sempre um momento de revelação – uma epifania – que transforma a visão de mundo da personagem central, dá significado a um acontecimento. Considerada uma das maiores escritoras da literatura contemporânea, acredito que os trabalhos de Alice Munro deveriam ser mais reconhecidos por aqui, onde somente três de seus livros foram lançados: FugitivaFelicidade Demais e Ódio Amizade Namoro Amor Casamento.

sombra

Regiane

Isabel Allende – Isabel Allende é uma escritora e jornalista chilena. O sobrenome dela pode soar familiar, já que ela é sobrinha de Salvador Allende, presidente do Chile na década de 1970 deposto pelo golpe militar liderado por Augusto Pinochet. As obras de Isabel são bastante marcadas pela temática histórica da América Latina, sempre discutindo questões políticas e sociais. Mas outro ponto fortíssimo da obra dela é a representação feminina: suas personagens são mulheres fortes, envolvidas com projetos de autonomia e realização, compromisso com a libertação das outras mulheres, e que não se sentem satisfeitas em contextos dominados por homens ou por governos opressores. No livro De amor e de Sombra, Allende conta a história de Irene, uma moça que cresceu numa família tradicional chilena, alienada dos problemas sociais de seu país, até descobrir a existência de uma mina abandonada onde militares escondiam corpos de presos políticos mortos nos porões das cadeias chilenas. Ela se envolve neste problema, com o intuito de ajudar as famílias pobres envolvidas, e assim começa a conhecer o lado obscuro da vida e das pessoas, o que tira seu sorriso e o brilho de seus olhos, já que foi praticamente criada para ver a vida como algo imutavelmente belo.